15 de abril de 2008

PROJETO ACELERAR PARA VENCER: A FACE MODERNA DO ATRASO


No início deste ano, quando as escolas estaduais já estavam organizadas para receberem os alunos em mais um período letivo, os trabalhadores e trabalhadoras em educação foram novamente surpreendidos com mais uma peça de autoritarismo criada à imagem e semelhança do governo neoliberal de Aécio Neves: o Projeto de Aceleração de Aprendizagem “Acelerar para Vencer”.
Tal projeto, que segundo a Resolução nº 1033 de 17 de janeiro de 2008 é “destinado aos alunos que apresentam, pelo menos, dois anos de distorção idade/ano de escolaridade”, esconde de observadores mais incautos, uma triste e fria realidade, pois o que está em curso e em ritmo cada vez mais acelerado, é a precarização da educação e o aviltamento das condições de trabalho do educador.
O objetivo deste projeto é pavimentar o caminho de Aécio Neves à Presidência da República, pois a despeito das propagandas oficiais, Minas Gerais apresenta graves problemas em seus indicadores educacionais. É sintomático que o projeto, mesmo já tendo iniciado em várias escolas da região metropolitana e do interior, tenha recebido pouquíssima preocupação com a capacitação dos profissionais que atuarão nesta nova modalidade. Além disso, o material didático enviado às escolas é completamente inadequado para alunos que apresentam defasagem, sem falar que os manuais para os professores sequer foram distribuídos.
Outro grave problema gerado pelo “Acelerar para Vencer” é em relação às aulas de Educação Física, Artes e Ensino Religioso, tratadas novamente como “sub-disciplinas”,se inserindo no programa como meros projetos; a serem executados em horários extra-turnos e com sua carga horária diminuída, o que já vem gerando em várias escolas excedência e trazendo problemas para esses profissionais que já haviam organizado os seus horários para este ano.
Neste sentido, e com tantos problemas colocados pelo cinismo da burocracia da atual gestão, o legado deste famigerado projeto já é previsível: o sucateamento cada vez mais acentuado da educação e das condições de trabalho dos educadores e a produção de mais uma safra de “analfabetos funcionais”, marginalizados mais uma vez e de forma sutil por dentro do sistema.
Se realmente “Minas Avança” como anunciado nos meios midiáticos pelos “globais” do momento, tal avanço se faz em direção inversa, rumo a degradação, ao obscurantismo e ao atraso, travestido de novidade.

ERAM OS OUTROS ROMÂNTICOS NO ESCURO, CULTUAVAM OUTRA IDADE MÉDIA SITUADA NO FUTURO... (Caetano Veloso)

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