O SIND-UTE/CONTAGEM INFORMA:
OS PERIGOS QUE RONDAM A EJA NO
MUNICÍPIO DE CONTAGEM DIANTE DO AUTORITARISMO E DA INTRANSIGÊNCIA DO GOVERNO
ALEX DE FREITAS (PSDB)
Devemos analisar que em
dois anos de mandato do Governo Alex de Freitas, do PSDB, em Contagem, a SEDUC
– Secretária de Educação de Contagem, na pessoa do Secretário Joaquim Antônio
Gonçalves, que primam por ações de publicidade à população falando em
eficiência e em modernidade e adequação a BNCC, não tem uma prática que condiz
com a realidade.
Especificamente falando
sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a SEDUC não pensa nesta modalidade
dentro do princípio legal de política pública, isto é demostrado pois a
Secretária coloca uma funcionária para dialogar com as escolas e os/as
trabalhadores/as, mas paradoxalmente não dota esta pessoa de nenhum grau de
autonomia, pois tudo deve ser remetido ao Secretário e ele deve dar a última
palavra, o que evidencia o desrespeito que a atual gestão tem pela EJA. Como
desenvolver uma política pública para uma cidade que possui mais de 150 mil
pessoas com mais de 15 anos sem o Ensino Fundamental completo, com apenas uma
pessoa na equipe? Apenas recentemente mais uma pessoa passou a integrar a assessoria
da EJA da SEDUC, pessoa inclusive que afirmou em reunião com pedagogas/os que
em nome das especificidades da EJA, professores se escondem para não trabalhar
(esse é o nível de tratamento que os profissionais da EJA vem recebendo do
governo) e nome disto é obediência absoluta ou
cega à autoridade, e por isto e muito mais, dizemos que este governo tem uma
postura autoritária.
Após quase
1 ano e meio de gestão, a SEDUC não conseguiu sequer regulamentar a oferta da
Educação de Jovens e Adultos. Isso em si não é o problema maior, uma vez que,
como Contagem tem sistema próprio de educação, existem resoluções que
regulamentam a oferta da EJA para jovens, adultos e idosos no município. Essas
resoluções estão de acordo com as legislações federais como a LDB 9496, o
Parecer do Conselho Nacional de Educação 2001, a Resolução Federal de 2010,
entre outras, que dão embasamento jurídico para a modalidade EJA nos
municípios. O problema é que a nova gestão, sob o cetro do secretário de
educação, vem apresentando mudanças na EJA, por meio de portarias que
contrariam as legislações. Ou seja, como ainda não substituíram as resoluções
pré-existentes, fazem mudanças contrariando as normas que eles mesmo dizem
seguir, o que de fato é uma contradição promovida por quem não se importa com a
qualidade da educação ofertada. Além disso, essa situação coloca uma política
pública aos caprichos pessoais do secretário que desconsidera as
especificidades da EJA presentes nas resoluções dessa modalidade de Educação.
Pensar
a EJA para o governo PSDB, é pensar em desmanche e desfiguração da legislação,
que para eles soa tão cara e tão conveniente. Em seu primeiro ano de governo,
não respeitaram os PPPs – Projetos Político Pedagógicos – das Escolas, e
jogaram mudanças na organização escolar, desrespeitando a gestão democrática,
mudaram os módulos de horas – aulas, para 50 minutos, retiraram a aula na
sexta-feira e criaram intervenções de apoio, desconsiderando a realidade de
jovens e adultos trabalhadores que não chegam antes das 18h 45m, e assim temos
uma intervenção de apoio em um horário que são pouquíssimos o número de estudantes nas escolas. O nome disso é
especificidade, que alguns pseudo gestores da SEDUC tucana, não sabe o
significa, e seguindo a uma obediência cega ao “meu cargo minha vida”, age de
maneira autoritária, e servindo ao propósito de governo e não de política
pública, contribuindo para preparar a destruição dessa modalidade.
Além de
autoritária a Secretária de Educação, tendo à frente o Secretário Joaquim
Antônio Gonçalves, também é demagógica, pois diz manter o ingresso dos
estudantes com 15 anos, mas logo depois edita uma Portaria 48, de 21 de
dezembro de 2017, colocando como público da EJA, preferencialmente, estudantes
de 18 anos. Se fazem demagógicos também, pois, fazem uma Portaria ao apagar das
luzes do ano letivo de 2017, desconsiderando e repudiando uma construção
coletiva com os setores da sociedade civil.
Podemos
ver que o outro objetivo da Secretaria de educação tucana é o progressivo
esvaziamento, e o fim da pluralidade dos sujeitos da EJA. Renegando
ideologicamente e politicamente a organização do 1.5 por questões meramente
econômicas, constroem grades diferenciadas, que tem em comum a penalização do
Primeiro Segmento, que via de regra são estudantes, adultos ou idosos na sua
maioria, que estão em processo de alfabetização. Em suas grades, retiram das
maiores e mais potentes escolas da EJA de longa data, professoras PEB 1 das
turmas, e propõem a entrada de vários PEB 2 nestas. Denunciamos que
pedagogicamente isto levará ao esvaziamento destes sujeitos da EJA, e a
inviabilização do PME de Contagem que coloca como meta o atendimento na
especificidade destes sujeitos. Novamente construções pedagógicas da Secretária
de Educação baseadas puramente na justificativa, esta é a posição do
secretário.
E como se
não bastasse a intransigência e a falta de diálogo, a SEDUC resolveu utilizar
ofícios para tentar impor uma concepção burocrática e tecnicista de educação
nas escolas. Além disso, os dois últimos ofícios emitidos aos dirigentes
escolares e um emitido à diretoria do Sind-UTE Contagem pelo secretário de
educação, demonstram a faceta autoritária e a ignorância da atual gestão acerca
das políticas públicas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os ofícios
emitidos tiveram como objetivo descaracterizar uma ação importante do Sindicato
no sentido de contribuir para a formação dos profissionais que atuam na EJA e
deslegitimar, em uma clara tentativa dos atuais gestores, a atuação de uma
instituição importante e reconhecida como o Sind-UTE Contagem.
O ofício
enviado à diretoria colegiada informa que o sindicato não procurou o governo
antes de organizar a formação, o que nos causa estranheza e indignação, pois
desde o início do ano estamos tentando dialogar com a SEDUC e tivemos como
resposta a desmarcação de duas reuniões, o que claramente impede qualquer tipo
de discussão. Além disso, enviamos à SEDUC o Ofício nº 044/2018 informando
sobre a formação e solicitando a liberação dos trabalhadores para a mesma,
mostrando assim uma contradição e ao mesmo tempo um artifício literário do
secretário para justificar uma ação arbitrária contrária à liberdade sindical.
No
documento encaminhado aos dirigentes escolares, fica ainda mais explicitado o
autoritarismo e ignorância da SEDUC, uma vez que a mesma não reconhece a prerrogativa
do sindicato em promover formações para os trabalhadores da Educação e se eleva
a um patamar de única responsável por tal.
Porém, ao contrário do desejo arbitrário do secretário, as políticas
públicas não se restringem ao governo. Como não estamos mais na ditadura
militar, há outras instituições e organizações na cidade que devem participar
da elaboração e implementação das políticas públicas como Conselho Municipal de
Educação (CMEC), sindicatos, Fóruns de EJA, universidades, entre outros. Cabe a
sociedade civil se inteirar e participar ativamente das políticas promovidas na
cidade, uma vez que os cidadãos são o foco dessas políticas. Considerar que a
formação de profissionais é de exclusividade da SEDUC é assumir o
desconhecimento dos debates no campo da formação continuada e da importância
sindical nessa formação. Talvez seja essa arrogância do secretário que explique
o fato da atual gestão negar todos os pedidos de licença para qualificação
profissional solicitados pelos profissionais da educação, embora essa licença,
no município de Contagem, esteja prevista em lei. Para o atual secretário
apenas a SEDUC deve oferecer a formação continuada, posicionamento que
evidencia limitações no campo do conhecimento pedagógico da atual gestão.
Um outro total desrespeito contido no documento, se refere à afirmação
da Secretaria em dizer que as
mudanças introduzidas por portarias contaram com ampla participação dos
trabalhadores. Ao contrário do que
afirma o documento, o governo realizou um encontro com os profissionais da EJA
no ano de 2017, na Escola Heitor Villa Lobos. Na verdade, foram 3 encontros
promovidos pela SEDUC, sendo um encontro para cada regional. Ou seja, houve
apenas um encontro de formação promovido pelo governo com os profissionais que
atuam na EJA. Entretanto, todas as regionais rechaçaram as sugestões
apresentadas pela SEDUC que incluíam entre outras mudanças absurdas, a
regionalização, EJA semipresencial, módulos de estudo, entre outras formas de
sucatear a modalidade no município com redução de custos e precarização do
atendimento dos cidadãos de Contagem que tiveram o direito a educação negado. O
sindicato registrou a rejeição dos profissionais da EJA em relação às mudanças
sugeridas. Além disso, houve uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores,
também no ano de 2017, na qual os estudantes das escolas de EJA tiveram a
oportunidade de falar pessoalmente ao secretário que exigiam respeito ao
direito a educação e que rejeitavam mudanças que os desconsiderassem como
sujeitos da educação. Portanto, ao contrário do que afirma o documento, não
houve apoio as mudanças promovidas pelo governo, nem entre os profissionais,
nem entre os estudantes. Portanto, considera-se que as mudanças foram
arbitrárias.
Assim, repudiamos veementemente a forma autocrática que esse desgoverno
Alex de Freitas vem implementando na
cidade e informamos que, ao contrário do que deva imaginar a atual gestão da
SEDUC, os trabalhadores em Educação tem ciência das intenções e gestos do
governo, que têm como propósito a desmobilização da categoria, bem como a
pretensão de sobrecarregar as escolas e seus profissionais com tarefas
burocráticas e impedir uma formação construída de forma democrática,
participativa, que valorize a autonomia, palavra que o atual secretário, assim
como todo governo, desconhecem.
Sigamos na luta!
Juntos somos muito mais fortes!
Diretoria Colegiada
Sind-UTE Contagem
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